
Entendendo as tempestades
“O Senhor tem o seu caminho no turbilhão e na tempestade, e as nuvens são o pó dos seus pés.” - Naum 1:3
Enfrentar tempestades não é exclusividade dos homens sem Deus. Embora muitas pessoas estejam na igreja com a expectativa de que o Senhor fará de suas vidas um “mar de rosas”, não é esta a realidade e não é isto o que a Bíblia promete. Jesus disse: “No mundo tereis aflições, mas tende bom ânimo. Eu venci o mundo” (Jo 16:33). Pedro nos adverte: “Amados, não estranheis o fogo ardente que surge no meio de vós, destinado a provar-vos, como se alguma coisa extraordinária estivesse vos acontecendo” (I Pe 4:12). Portanto, adversidade é coisa comum na fé.
Já que não podemos viver a ilusão de que não enfrentaremos súbitas tempestades na vida, o melhor que fazemos é aprender a nos comportar no meio delas. Para tanto, gostaria que você lesse dois textos: Jonas 1:1-17 e Marcos 6:45-51. A partir desta leitura vamos tomar o exemplo de Jonas e dos discípulos para aprender sobre o assunto.
Tanto Jonas quanto os discípulos serviam ao Senhor e enfrentaram terríveis tempestades. Entretanto, os contextos que envolveram suas lutas eram bem diferentes. Os discípulos estavam no meio do Mar da galiléia por pura obediência ao Senhor. O próprio Jesus os havia compelido a estar naquele lugar (Mc 6:45). Jonas, por outro lado, estava no meio do mar por desobediência. Deus o havia mandado para Nínive, mas ele fugia de sua vontade num navio para Társis. No seu caso, diz a Bíblia que “Deus lançou sobre o mar um forte vento” (Jn 1:4).
Aqui temos a primeira coisa a fazer quando enfrentamos tormentas. Devemos nos indagar: Esta situação é uma provação ou uma disciplina do Senhor? Os discípulos estavam sendo provados. Jesus queria conduzi-los a um novo nível de fé. Este é sempre o propósito das provações. Por isto o Senhor permitiu que eles entrassem no meio das nuvens negras. Mas o Mestre acompanhava tudo atentamente através da sua intercessão e logo viria em seu socorro (Mc 6:47,48). Deus nunca nos prova além das nossas forças!
O caso de Jonas era bem diferente. A tempestade veio para corrigi-lo. Era fruto de sua desobediência e tinha o propósito de levá-lo de volta à vontade de Deus. A única maneira de vê-la cessar antes que acabasse com sua vida era um profundo e genuíno arrependimento.
Quando estamos sendo provados, Deus espera ver em nós persistência e fé. A Bíblia diz que, vendo os discípulos “em dificuldade a remar”, Jesus veio-lhes ao encontro (Mc 6:48). Estou certo de que a atitude deles de não entregar os pontos e, mesmo cansados, continuar fazendo o que podiam para não naufragar, comoveu o coração do Senhor. É assim que devemos agir em meio às lutas: nunca desistir de chegar ao lugar que o Senhor apontou para nós. Eles tinham um destino, Betsaida, e estavam lutando para chegar lá.
Em contraste com a atitude dos discípulos, Jonas dormia no porão do navio enquanto as ondas se avolumavam (Jn 1:5). A princípio, este homem estava tão insensível e passivo, que Deus não interveio, a não ser para piorar a tempestade. Só depois que Jonas despertou da rebeldia e assumiu o seu pecado, aceitando pagar por suas conseqüências, foi que o Senhor ordenou a bonança.
Há muitas pessoas que não saem das lutas porque não estão dispostas a assumir e abandonar o erro. Decidiram que iriam numa direção própria e insistem em mantê-la, ainda que a vara do Senhor lhes esteja ardendo nas costas. Ignoram o fato de que “Deus resiste aos soberbos, mas dá graça aos humildes” (I Pe 5:5).
É importante afirmar que o amor do Pai está presente em ambas as situações, seja na provação ou na disciplina. Ao provar-nos, Ele revela seu intento de fazer-nos crescer, de conduzir-nos a uma dimensão maior do seu poder (Pedro, por exemplo, terminou aquela noite andando milagrosamente sobre as águas!). Mas quando o Senhor nos disciplina, nisto revela também o seu amor. Ele recusa-se a tratar-nos como bastardos. Somos seus filhos e por isso Ele não pode abandonar-nos em nosso próprio erro e rebeldia. Assim, usa da vara para trazer-nos de volta à sua “boa, perfeita e agradável vontade” (Rm 12:2).
O desfecho destas duas histórias é surpreendente! Os discípulos assustaram-se ao ver Jesus andando sobre as ondas. Esperavam que Ele viesse, é verdade, mas pensavam que o faria de um modo corriqueiro, remando num barquinho. Mas o poder de Deus é espetacular. Devemos preparar o nosso coração para vê-lO agir de maneira ilógica nas nossas lutas. Lembre-se: Uma prova sempre nos levará a um nível maior de fé, se permanecermos fiéis.
Quanto a Jonas, genuinamente arrependido e conformado com as consequências de seu pecado, foi lançado ao mar. Sua atitude fez cessar a tormenta. Mas voltar ao lugar de origem, à situação de antes do erro, ainda lhe custou três dias e três noites terríveis no ventre de um peixe. Só depois disso, a restauração se completou.
Se posso resumir tudo em poucas palavras, direi: Se você está sendo provado, não pare de remar! Se você está sendo corrigido, humilhe-se, decida mudar e aceite a barriga do peixe. Ela é bem melhor que as trevas definitivas do fundo do mar!
Muitos crentes não sabem disso ou são enganados pela Doutrina da Prosperidade, por exemplo. (Link de um texto que dicerta sobre isso>> http://www.outraleitura.com.br/web/artigo.php?artigo=205:A_heresia_da_teologia_da_prosperidade )
ResponderExcluirUm texto de esperança aos que estão em provações:
“A ninguém que, em arrependimento e fé, haja invocado Sua proteção
permitirá Cristo que caia sob o poder do inimigo... Com Ele não pode
haver coisa como fracasso, perda, impossibilidade ou derrota; podemos
fazer todas as coisas por meio dAquele que nos fortalece.” (O Desejado de Todas as Nações)
Que Deus abençoe.
(Guilherme Moltocaro Campo Grande - MS, Brasil)